A partir de 11 de janeiro, a Noruega começa a desligar o “velho” sinal de rádio FM, iniciando a transição para o digital (DAB).
A medida, anunciada em abril de 2015, vai ser posta em prática na data prevista. A partir do próximo dia 11 de janeiro, a Noruega torna-se o primeiro país a desligar as emissões de rádio em FM, iniciando a transição para a rádio digital – DAB, sigla em inglês para Digital Audio Broadcasting.
Esta mudança era conhecida mas a maioria dos noruegueses manifesta-se contra. Em pesquisa recente, 66% dos ouvintes não concorda com o processo, sobretudo porque o número de rádios capazes de receber as emissões digitais ainda é relativamente baixa.
A Noruega é, atualmente, o país mais bem preparado do mundo para migrar totalmente para o DAB: em 2015, mais de 20% dos automóveis já estavam equipados com rádios com esta tecnologia.
No centro da discórdia está o preço dos equipamentos necessários para receber a rádio digital. Quem ainda não tem um receptor DAB no carro vai ter de comprar um ou adquirir um adaptador/conversor que custa 1.500 coroas norueguesas (aproximadamente 160 euros).
A questão do consumo doméstico quase não se aplica, já que a maioria da população ouve rádio online.
As emissões de rádio pública norueguesa começam a transição para o digital na cidade de Bodo, num processo que vai demorar vários meses. Na capital, Oslo, as emissões FM deverão ser desligadas no mês de setembro. Algumas rádios locais deverão manter-se no FM até 2022, de acordo com a imprensa norueguesa.
Esta medida visa modernizar a rede radiofônica, canalizando o elevado investimento de manutenção da rede atual para o novo sistema. Esta transição está sendo estudada por outros países europeus, como no Reino Unido e na Suíça.
A tecnologia DAB foi implementada na rádio pública portuguesa em 1999 e descontinuada em 2011 devido aos elevados custos de manutenção, e também com argumento de que eram muito poucos os utilizadores do serviço de rádio digital em Portugal.
Aqui no Brasil não é muito diferente. Em 2010, o Ministério das Comunicações chegou a lançar uma Portaria com os objetivos do Sistema Brasileiro de Rádio Digital, entre eles, incentivar a indústria nacional, promover a cultura e aumentar o número de rádios universitárias. Um dos dilemas da migração para o digital é que o sistema a ser adotado, qualquer que seja, terá que operar no mesmo canal, para reduzir o custo da migração para as emissoras e dar conforto para o ouvinte continuar sintonizando sua rádio preferida na mesma frequência atual. Aí, restam como opção apenas os sistemas HD Rádio e DRM, cujas diferenças são a adequação para FM ou AM.
A frequência modelada (FM) foi inventada em 1933 e é, ainda hoje, o padrão das emissões de rádio em todo o mundo. Da mesma maneira que o FM substituiu a onda média (AM) para melhorar a qualidade de transmissão de música, o DAB vem acrescentar às emissões de rádio uma melhor qualidade de som (próxima do CD), mais estabilidade do sinal e, sobretudo, permitir a existência de mais canais num menor número de frequências.
Resta saber se este formato não será engolido pela internet, com acesso muito mais fácil, rápido e ao alcance da mão de qualquer pessoa, através do celular.
Fonte: O Observador
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